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José Antônio da Silva

José Antônio da Silva, nascido em 12 de março de 1909 em Sales de Oliveira - São Paulo, foi um pintor autodidata brasileiro, considerado um dos nomes mais importantes da arte naïf do país. Filho de trabalhadores rurais, começou a pintar já adulto e tornou-se conhecido por suas paisagens e cenas do campo, cafezais, algodoeiras, bois e cenas religiosas que transformam lembranças e vivências rurais em imagens de forte caráter narrativo e cromático. Sua obra combina um desenho franco, uso expressivo da cor e uma iconografia popular que dialoga com a memória do Brasil interior. 

Autodidata e figura central da arte naïf brasileira, Silva construiu uma trajetória singular, marcada pela expressão espontânea e pela força poética de suas telas. Lavrador antes de se dedicar integralmente à pintura, retratou com autenticidade o universo rural que conhecia de perto como a terra, os trabalhadores, os animais e o cotidiano do interior paulista.

Sua obra é associada ao movimento naïf ou primitivista, caracterizada por cores intensas, planos pouco convencionais e uma visão lírica e crítica da vida no campo. Entre os temas mais recorrentes estão a transformação da mata em lavoura, as plantações de café, algodão e cana, as boiadas, as cenas religiosas e os rituais populares, sempre tratados com um olhar ao mesmo tempo nostálgico e irônico. Em 08 de Agosto de 1996 o artista se despede nos deixando com uma produção abundante e reconhecida nacional e internacionalmente, Silva foi um dos primeiros artistas populares brasileiros a alcançar museus e bienais de grande prestígio onde uma de suas obras foi “incorporada ao acervo do Museu de Arte Moderna de Nova York” (MoMA), mantendo, até o fim da vida, o vínculo profundo entre arte, natureza e experiência vivida.

“Pinto o que sei, o que vejo e o que sinto. Pinto a vida que vivi.”

                                                                   

                                                                                       José Antônio da Silva

Suas Obras

A obra de Silva é uma das mais autênticas expressões da arte naïf brasileira, traduzindo o olhar de um homem simples sobre o vasto universo rural que o cercava. Observador sensível da natureza, Silva transformou em pintura o mundo que conhecia, da terra, dos trabalhadores, das festas, das plantações e do céu imenso do interior paulista.

Suas telas, executadas principalmente em óleo sobre tela, são marcadas por cores intensas, planos chapados e uma composição rítmica, na qual o figurativo e o simbólico se entrelaçam. O artista desenvolveu uma técnica própria de aplicação da tinta, criando superfícies de cor que vibram sob a luz e revelam texturas quase tácteis, como se a matéria pictórica fosse extensão da própria terra que ele retratava.

Silva não buscava perspectiva acadêmica, sua arte é intuitiva e emocional. As figuras humanas e animais aparecem planas, porém cheias de expressão e movimento, em meio a paisagens que misturam o real e o imaginário. Essa aparente simplicidade formal esconde um domínio instintivo de equilíbrio cromático e composição, que confere harmonia e força às suas cenas.

Inspirava-se no cotidiano rural, nas memórias da vida na roça e nas transformações do campo — temas como o plantio, a colheita, as queimadas, o gado, as festas religiosas e a derrubada da mata são recorrentes em sua produção. Há também uma crítica sutil à modernização e à perda das tradições do homem do interior, marcada por uma certa melancolia diante do progresso.

Entre suas referências declaradas, estava a própria paisagem paulista, sobretudo a região de São José do Rio Preto, onde viveu. Sua arte foi comparada por críticos à de mestres da pintura primitiva internacional, como Henri Rousseau, pela ingenuidade lírica e pela verdade poética com que tratava seus temas.

A força de José Antônio da Silva está justamente em sua autenticidade: ele pintava o que vivia e sentia, sem artifício, com uma verdade que transcende o ingênuo e atinge o universal. Em suas obras, o Brasil rural ganha cor, voz e dignidade, um retrato do povo e da terra, feito por alguém que conhecia ambos de dentro.

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Título da obra:
Boiada Deitada no Pasto

Óleo sobre tela
100cm x 80cm
Ano: 2000

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José Antônio da Silva: entre pincéis, versos e violas

Além de um dos nomes mais expressivos da arte naïf brasileira, José Antônio da Silva revelou-se também um homem de múltiplas linguagens, pintor, poeta, escritor e repentista, que transformou em palavra e som a mesma sensibilidade que, nas telas, se traduzia em cor e forma.

Profundamente ligado à cultura popular do interior paulista, Silva via na arte um meio de registrar sua visão do mundo, fosse ela pintada, escrita ou cantada. Sua carreira literária começou de forma espontânea, nas décadas de 1950 e 1960, quando passou a escrever memórias, poemas e reflexões sobre o cotidiano rural, o destino do homem simples e a vida artística.

Publicou diversos livros que misturam autobiografia, crítica social e filosofia popular, entre eles:

  • “A Vida de José Antônio da Silva — Escrita por Ele Mesmo” (1957), uma narrativa sincera e comovente sobre sua trajetória, desde a infância humilde até o reconhecimento como artista.

  • “O Lavrador e o Pintor”, em que reflete sobre sua relação com o trabalho no campo e o fazer artístico.

  • “Histórias de um Pintor”, reunindo causos e memórias repletos de humor e lirismo sertanejo.

  • “O Mundo dos Meus Quadros”, livro em que comenta suas obras e o sentido espiritual que via em cada uma delas.

Essas publicações revelam um escritor intuitivo, de linguagem simples, porém profundamente simbólica, com passagens que beiram a poesia.

Paralelamente à literatura, Silva também se destacou como repentista e compositor popular, inspirado pelos cantadores e violeiros do interior. Sua produção musical, marcada por ritmos sertanejos e versos improvisados, resultou em discos lançados nos anos 1960 e 1970, nos quais declamava seus próprios poemas e cantigas, uma extensão sonora de seu universo pictórico.

Entre os álbuns conhecidos estão:

  • “Cantando e Pintando o Brasil”

  • “José Antônio da Silva — O Pintor que Canta”

​Obras  nas quais sua voz e sua viola ecoam o mesmo lirismo da roça que habita suas telas.

A música, a poesia e a pintura se entrelaçam em sua obra, formando um conjunto coerente: tudo nasce da memória rural, da terra trabalhada, das cores do entardecer e das histórias do povo simples. Em cada forma de expressão, José Antônio da Silva reafirma sua identidade de artista completo, um homem que fez da arte a tradução viva de sua experiência com o mundo.

Exposições:

José Antônio da Silva

Carreira como artista plástico e escritor: 1946 - Inauguração da Casa de Cultura de São José do Rio Preto, São José do Rio Preto - SP. 1948 - Galeria Domus, São Paulo - SP. 1949 - Mostra Individual, Galeria Domus, São Paulo - SP. 1951 - Automóvel Club de São José do Rio Preto, SP. 1953 - Galeria Ambiente, São Paulo - SP. 1955 - Galeria Cosme Velho, São Paulo - SP. 1956 - IAB/SP (Instituto de Arquitetos do Brasil), São Paulo - SP. 1958 - Centro Cultural Brasil-Estados Unidos, São José do Rio Preto - SP. 1958 - Escola de Artes, Araraquara - SP. 1958 - Galeria da Folha, São Paulo - SP. 1959 - Lions Club, São José do Rio Preto - SP. 1960 - Galeria da Folha, São Paulo - SP. 1963 - Escola de Belas Artes, Araraquara - SP. 1966 - Galeria de Arte São Luis, São Paulo - SP. 1970 - Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), São Paulo - SP. 1976 - Galeria Ricardo Camargo, São Paulo - SP (“Obras Selecionadas”). 1988 - “Quarenta Anos de Pintura”, Renot Art Dealer, São Paulo - SP. 1994 - “A paixão e morte de Nosso Senhor segundo Silva”, Museu de Arte Sacra de São Paulo, São Paulo - SP. 2009 - “Nasci errado e estou certo”, Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo - SP. 2022 - “José Antônio da Silva: Um Caipira Moderno”, FAMA Museu (Itu-SP). 2025 - “José Antônio da Silva (1909-1996): Pintar o Brasil”, Fundação Iberê Camargo / Museu de Grenoble, Grenoble - França. Silva ainda participou de salões e mostras internacionais nas décadas de 1950-1960, com menção a exposições nos EUA e Europa, embora não tenha sido possível confirmar localização, ano ou instituição para todas as ocorrências, além de que uma de suas obras foi “incorporada ao acervo do Museu de Arte Moderna de Nova York” (MoMA).

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